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Maternidade Compulsória: o guia reflexivo sobre o assunto

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Amor de mãe é amor sagrado e perfeito. Uma frase curta mas com poder gigante em ditar como a vida das mulheres deve ser vivida! Você já parou para refletir sobre isso? Ao aproximarmos o amor materno do divino e intocável, colocamos um enorme peso sobre as mulheres.

Limitamos suas vontades e desejos para encaixá-las em uma caixinha obrigatória, com a seguinte etiqueta: felicidade feminina é sinônimo de maternidade.

Achou o tema delicado? E realmente é! Porém, também se faz muito necessário discutir sobre! Em nosso guia reflexivo sobre maternidade compulsória, vamos examinar com cuidado o rótulo que determina as escolhas da mulher em um mundo com a perspectiva de que a sua melhor habilidade é gerar e cuidar de uma criança.

Se você, mulher, já escutou algum parente questionar sobre quando se tornará mãe e/ou julgou sua forma de criação, essa conversa é com você!

O que é maternidade compulsória?

Podemos começar a entender do que se trata a maternidade compulsória pela busca de sentidos que suas palavras têm separadamente. Segundo a Oxford Languages, maternidade é o “estado ou qualidade de mãe”, uma condição que se estabelece pelo laço de parentesco entre mãe e filho.

Por “compulsória”, recorremos à definição de “compulsão”, que significa “imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira”. Ou seja, ser compulsório é uma força interna que obriga o ser a fazer determinada ação.

Então, se nossas vontades são internas e elas são formadas sob influência do meio em que vivemos, o entendimento desse termo sugere que a sociedade nos obriga a sermos mães?

Em termos gerais, a resposta para essa pergunta é um grande e complexo SIM! Mas fique tranquila, vamos compreender aos poucos do que se trata essa obrigatoriedade!

E para aquelas que ainda estão desconfiadas sobre quais caminhos que a nossa reflexão seguirá, lembre-se de que o objetivo aqui é entender como a beleza da maternidade se encaixa na vida de uma mulher consciente e feliz com o seu estado.

Além dos motivos óbvios por parte da biologia, gerar uma criança é um ato complexo e que exige a consciência de todos que estão envolvidos, não apenas a da mãe. Contudo, a pressão social e o estigma sobre as mulheres que não desejam ter filhos é forte o suficiente para tornar a maternidade como único destino possível no imaginário da mulher que deseja ser feliz, amada e reconhecida pela sociedade.

Quantas vezes você viu alguém direcionar as perguntas sobre os cuidados de uma criança somente para a mãe? E a tamanha admiração expressada quando um pai é visto cuidando sozinho do filho, enquanto no caso da mãe, ela é vista apenas cumprindo o seu dever?

No mundo em que vivemos, a paternidade é algo facultativo, em que o homem pode escolher ou rejeitar o papel de responsável pela criança sem sofrer as consequências. Na contramão, vemos mulheres sobrecarregadas na função maternal e penalizadas quando expressam suas frustrações e contrariam a imagem da maternidade como o próprio paraíso.

Questionar a origem do verdadeiro desejo de ser mãe abre várias portas para questionarmos a forma como ensinamos meninas e meninos a se tornarem mulheres e homens, adultos responsáveis pela suas ações. Além de incentivar a contínua busca pelo autoconhecimento, sem limitar as possibilidades dos seus sonhos e aspirações!

A visão da maternidade pelo olhar das crianças

Bonecas, panelinhas, casinha de madeira, carrinhos de bebê e mais uma infinidade de brinquedos comuns que presenteamos as mulheres durante a infância. Tudo isso representa uma mensagem que é reforçada constantemente na cabecinha das pequenas. Entende-se que o lugar da mulher pertence ao ambiente do lar, zelando pela limpeza da casa e cuidando daqueles com quem ela convive.


De certa forma, é lindo poder fazer com que as crianças desde pequenas aprendam a importância de cuidar de um lar e fomentem nelas o desejo pela família, no entanto, esse não deve ser o único caminho.

Como a ideia da maternidade está presente na adolescência?

Época de nossas vidas que chamamos carinhosamente de período turbulento, a adolescência é feita de diversos momentos marcados por hormônios à flor da pele, mudanças no corpo e início do contato com a sexualidade, certo? É durante a adolescência que também consolidamos nosso entendimento sobre responsabilidades, arcar com as consequências de nossas ações e, no caso das mulheres, como o corpo feminino pode ser sexualizado independentemente de sua vontade.

Desse modo, treinamos a forma como se deve cuidar do corpo feminino como algo a ser escondido e culpado quando não atende o que a sociedade espera dele. Quando chegamos no tema da educação sexual, a conversa fica mais complicada ainda! Na maioria das vezes, conhecer o próprio corpo é uma ação negada principalmente às meninas adolescentes.

O peso do cuidado sobre a concepção recai de forma potencializada sobre a mulher, que ainda precisa lidar com todos os efeitos colaterais dos métodos anticoncepcionais. Mais uma vez, a maternidade é colocada como uma responsabilidade majoritariamente feminina, reforçando a submissão de suas vontades para atender o que a sociedade espera dela.

As cobranças na vida adulta feminina

Chegando à fase adulta, as perguntas sobre os namoradinhos nos encontros familiares se tornam cobranças mais frequentes com o passar dos anos. Difícil encontrar alguém que nunca teve que lidar com essa situação! No caso das mulheres, a obrigação de encontrar um homem perfeito e construir uma família passa a ser cobrada como missão de vida!

Ao se casar, espera-se que a mulher atenda as necessidades do marido, gere filhos e zele por todo o funcionamento da casa. Se o casamento falhar, espera-se que ela assuma toda a responsabilidade pela criança, ao mesmo tempo que o homem tem essa responsabilidade como opção, não como dever, na maioria dos casos.

Se pensarmos nas mulheres que se dedicam integralmente à carreira profissional e não têm como ambição se tornar mãe, elas são vistas pelo estereótipo de mulheres amarguradas destinadas à solidão. Já nas mães que criam seus filhos sem um parceiro, coloca-se a pesada culpa de serem incapazes de manter um relacionamento estável e, por isso, é natural que lidem sozinhas com a criação dos menores.

Romantização da maternidade

Se tornar mãe não é ganhar poderes divinos para estar em todos os lugares e executar todas as tarefas com perfeição! Antes de ser mãe, você é um ser humano com direito de expressar para o mundo as suas necessidades, os desejos, as ambições e, principalmente, as dificuldades de ser responsável pela criação de outra pessoa.

A maternidade é um papel mais coletivo do que individual, por isso é importante questionar que tipo de pressão e estigma colocamos sobre um papel tão importante como este!

A partir do acesso democrático a informação e incentivo à reflexão, conseguimos recuperar a autonomia das mulheres para que a maternidade não seja uma questão de abrir mão dos seus interesses pessoais. Há uma possibilidade de equilíbrio que seja justa para todos na sociedade, seja mulheres, homens ou crianças.

Depois dessa longa reflexão, divida conosco os seus pensamentos sobre o tema! Fique à vontade para compartilhar nosso post em suas redes sociais, afinal, a maternidade é um assunto que requer constante aprendizado para desconstruirmos os mitos e as informações enganosas que circulam pelo mundo!

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Jefferson Back

Autor: Jefferson Back

Graduado em Publicidade e Propaganda pela Unisociesc Blumenau, atua no universo digital há quase dez anos. Pós-graduando em Neuromarketing e Brandsense pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), é fascinado pelo mundo da comunicação e comportamento humano.

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