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Conversa de Mãe: Você sabe o que é a Comunicação com Afeto?

8 minutos de leitura

A segunda live do projeto Conversa de Mãe é daquelas que a gente pode ver e ouvir mais de uma vez, porque sempre vai ter um trecho novo sobre o qual pensar e repensar. Você conseguiu acompanhar? O vídeo está disponível no IGTV do perfil da Brandili no Instagram

Nossa super apresentadora, Chris Flores, coordenou uma conversa com a psicanalista Elisama Santos (@elisamasantosc), que também é educadora parental e autora de livros de maternidade e educação (Educação Não Violenta e Por que Gritamos?, da Editora Record). Ah, ela também é mãe do Miguel e da Helena. 

Juntas, as duas falaram sobre a importância da Comunicação com Afeto – algo difícil de encontrar na chamada educação tradicional, em que a preocupação com os limites rígidos e a obediência recebem mais atenção do que o diálogo, a compreensão e a boa relação entre filhos e pais.

Elisama mostrou como a falta de autocuidado para as mães pode ser perigoso: elas tendem a explodir quando estão sobrecarregadas – o que parece ser uma constante na situação de pandemia. Além de perder a paciência, logo depois vem a culpa… E então a educadora questiona: será que você está respeitando os seus limites pessoais?

A psicanalista também chamou a atenção para a importância de manter viva a curiosidade: perguntar-se, e perguntar ao filho qual é o sentimento do momento pode dissolver sensações ruins que, se ignoradas e acumuladas, podem levar a conflitos totalmente contornáveis. 

Sentir, aliás, é importante: permitir-se chorar e se acolher, e deixar a criança chorar e acolhê-la, em vez de ser rígida e punitiva, é outra dica importante da educadora para conseguir se comunicar de maneira afetuosa. 

Ao chegar ao fim desse texto e aprender o que é a comunicação com afeto, nós indicamos também o texto já publicado que te conta como a comunicação com afeto vai ajudar você a educar melhor, não deixe de conferir! 

O que é Comunicação com Afeto?

O termo Comunicação com Afeto é derivado de um conceito criado nos anos 1960 pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg. Ele estudou as interações entre as pessoas até conseguir enxergar o que fazia o discurso, ou seja, a forma de falar de cada um, ser menos ou mais agressiva. E qual seria a maneira ideal de falar para não machucar a si e ao outro.

Ele formulou um método chamado Comunicação Não-Violenta. O nome vem do conceito da não-violência, uma prática que busca a compaixão ao agir, escolhendo a conciliação sem causar danos.

“A não-violência é uma arma poderosa e justa, que corta sem ferir e torna nobre quem a usa”, disse o famoso ativista Martin Luther King Jr. ao receber o prêmio Nobel da Paz em 1964. Inspirado no pacifista indiano Mahatma Gandhi, ele usou a não-violência para combater o racismo nos Estados Unidos.

Nesse caso, a violência está muito longe de ser somente agressão física. Ela se mostra presente quando, por exemplo, os pais usam o silêncio constrangedor para “ensinar uma lição aos filhos”, ou quando se usa a ironia na discussão com o companheiro, ou até mesmo quando você faz acusações, ofensas e sobe o tom de voz ao se desentender com um familiar. 

E por que essas são atitudes violentas? Porque elas não levam ao entendimento entre as duas partes, e sim à tentativa de dominar. O silêncio, a ironia, o grito, a bronca, as ofensas, a ameaça: todas essas são formas de tentar calar o outro e mostrar “quem é que manda”. 

Mas por que é tão difícil manter a calma e o respeito com as pessoas que a gente mais ama, que são os nossos próprios filhos? Por que levamos para o lado pessoal a birra de uma criança de 2 anos, quando o que realmente está acontecendo é que ela, por fome ou sono, não consegue se autorregular? 

A autorregulação pode ser comparada com a capacidade de se controlar. Até os 6 anos de idade, as crianças ainda estão aprendendo a se autorregular, e muitas vezes é difícil para elas compreender uma regra – não é que elas não queiram aprender, é que o cérebro ainda está em desenvolvimento. 

Pensando dessa maneira, fica mais fácil entender as crianças, e ser mais compreensiva com elas – em vez de exigir com broncas e ameaças um comportamento que o cérebro delas ainda não está preparado para processar sozinho, não é verdade?

Pare, olhe e escute antes de reagir

O método de Marshall ensina aos praticantes da CNV (abreviação da técnica) que é necessário, em primeiro lugar, observar a situação antes de reagir imediatamente a ela. 

Em seguida, ele convida a consultar os sentimentos que aquela situação traz à tona. 

O passo seguinte é reconhecer as necessidades ligadas a esse sentimento – ele defende que as necessidades não atendidas levam a sentimentos como raiva, irritação, tristeza etc. 

Dizer o que sente e fazer um pedido ao outro, deixando claro o que você precisa, é a conclusão do método. Mas isso não quer dizer que o outro tenha que realizar o que foi solicitado. O importante é comunicar o que você sente e precisa. 

Você já agiu assim quando se desentendeu com outro adulto? Experimente! Com as crianças, é parecido. A compreensão deve ser maior, a compaixão pelo nível de compreensão deles também. O maior benefício é saber que, ao tratá-las com respeito, elas aprenderão igualmente a respeitar.

Nós entendemos que exercer essa comunicação com afeto se torna mais difícil com a rotina desgastante do dia a dia, por isso, trouxemos no primeiro “Conversa de Mãe” um conteúdo sobre mães sobrecarregadas e a rotina na pandemia. Acesse o texto e saiba identificar se a sobrecarga é hoje a sua maior dificuldade. 

Comunicação com Afeto na Prática

Vamos supor que o seu filho mexeu pela décima quinta vez na sua gaveta de meias e bagunçou tudo. Dessa maneira, você se atrasou (de novo!) para o trabalho, pois não achava o par certo para calçar e teve que catar tudo. 

Ao ver a bagunça, você grita e o assusta. E diz algo como “Já falei mil vezes para não mexer aí, será que você não entende o que eu digo? Que feio isso!”. A criança chora e sente muita vergonha, porque ela ainda não consegue se autorregular, e não queria ter deixado a mamãe tão brava. Ela também sente medo de você. Você percebe tudo isso e logo bate a culpa.

Segundo a prática da Comunicação com Afeto, o diálogo poderia tomar um rumo diferente. 

Você primeiro observaria a situação e, em seguida, os seus sentimentos. Veio a raiva? E é porque você está cansada, porque está atrasada, porque não está tendo tempo de brincar com o seu filho?

Que tal perguntar à criança por que ela gosta tanto de mexer nessa gaveta? A resposta pode surpreender você. Aliás, será que ela mexe na gaveta sempre que você sai para o trabalho, pois assim ganha um pouco de atenção da mamãe, mesmo que seja uma atenção enviesada, pelo caminho da bronca? Como você pode dar mais atenção à criança na parte da manhã?

Ah, e que tal explicar com calma que a gaveta de meias da mamãe precisa ficar arrumada, senão ela se atrasa para o trabalho, e que isso é ruim porque os adultos não podem se atrasar para o trabalho? Dê uma opção: diga que a criança pode mexer em outra gaveta. Ou combine de ela te ajudar a escolher a meia todos os dias antes do trabalho, envolvendo-a no seu momento de arrumação, em vez de excluí-la. São caminhos possíveis para encontrar o entendimento. 

Dessa maneira – que é apenas ilustrativa, claro –, você terá usado a curiosidade para primeiro investigar o que está acontecendo antes de partir para a explosão. Vai descobrir o que o seu filho pensa e sente. Quando você ouvir os motivos e sentimentos dele, é possível que a compaixão surja. A partir daí, fica mais fácil falar sem agredir, e agir sem punir. E sair dessa situação sem causar danos à criança nem a si mesma. 

Vale avisar que esse é um processo que toma algum tempo. A orientação de Elisama é para que você continue em frente, mesmo quando errar. Peça desculpa, respire, comece de novo. Apegue-se aos pequenos resultados para obter maiores conquistas no bom relacionamento com você mesma, e com o seu filho. Vale a pena realizar essa transformação!

comunicação com afeto com elisama santos

Assista à segunda live do Conversa de Mãe com Chris Flores e Elisama Santos (@elisamasantosc).

O Conversa de Mãe acontece mensalmente no perfil da Brandili no Instagram (@brandilitextil). Acompanhe!

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Jefferson Back

Autor: Jefferson Back

Graduado em Publicidade e Propaganda pela Unisociesc Blumenau, atua no universo digital há quase dez anos. Pós-graduando em Neuromarketing e Brandsense pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), é fascinado pelo mundo da comunicação e comportamento humano.

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