Se antes da pandemia era comum para grávidas ir ao trabalho de transporte público, se exercitar no parque ou até fazer compras no supermercado, agora atividades simples como essas estão proibidas ou bastante dificultadas. Até mesmo os exames de rotina da gravidez, extremamente necessários, requerem mais cuidados.
Pesquisas recentes mostram que não há medidas preventivas diferentes para gestantes. Segundo a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), ao contrário do que se esperava (já que existe imunidade menor neste período de gravidez), os cuidados continuam sendo os mesmos para todos.
Ainda assim, a gestação durante a pandemia é uma situação complicada. Já aconteceram casos de óbito entre grávidas e recém-nascidos. Por isso, o Ministério da Saúde incluiu, no dia 9 de abril, as gestantes entre os grupo de risco da Covid-19.
Para que as futuras mamães redobrem os cuidados neste momento delicado, confira as dicas da Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira.
Exames devem ser mantidos
Temos medo de sair de casa e o indicado para todos continua sendo o distanciamento social ao máximo para ajudar a reduzir a curva de contágio. Mas com uma ressalva: grávidas devem continuar indo aos exames de rotina, seja ela atendida no SUS ou em consultórios particulares.
Vá com máscaras e luvas, tome cuidado para não ficar aguardando muito tempo em ambientes lotados, tente manter uma distância de um metro entre as pessoas e marque com antecedência seus exames. Avise ao laboratório que você é gestante, para que eles programem as condições sanitárias necessárias do local.
Em casos como exames pré-natal, o atendimento remoto está fora de cogitação, já que o tele-atendimento serve mais pra mostrar exames, tirar uma dúvida. Quando se trata do exame de pré-natal, o ideal é que a paciente seja examinada. É necessário medir e apalpar a barriga, a pressão, ver o peso, escutar o coraçãozinho do bebê. A gestante continua precisando deste acompanhamento de perto, de uma forma habitual, mesmo em um momento como esse.
A única ressalva é que, apesar de garantido por lei, a presença do acompanhante nos exames pode ser revista pela paciente e sua família. A ideia é ter menos circulação de pessoas pelas clínicas, laboratórios e postos.
Emergências continuam sendo emergências
Outro ponto importante a ser levado em consideração são as imprevisibilidades que podem surgir durante a gestação. Os médicos entendem que a paciente pode até estar com receio de procurar um hospital por ser foco de contágio do novo coronavírus. Mas são categóricos: se houver sangramento, perda de líquido, desconforto pélvico, dores que não passam com hidratação e repouso ou quando a paciente nota que o bebê não se mexe na barriga, o ideal ainda é recorrer ao pronto atendimento.
Diante dos sintomas de Covid-19, procure ajuda!
Se mesmo com todas as medidas de segurança recomendadas – lavar as mãos, usar máscaras, álcool gel, evitar tocar em mucosas, tirar sapatos e roupas ao voltar da rua, manter distante de pessoas doentes – a gestante apresentar sintomas é necessário entrar em contato com o obstetra de confiança – inicialmente por telefone.
O profissional irá orientar se há necessidade ou não de buscar o pronto atendimento hospitalar nesses casos.”, indica o manual “Infecção pelo Coronavírus SARS-CoV-2 em obstetrícia – Enfrentando o desconhecido”, elaborado pela Febrasgo.
Feito isso, o profissional também irá orientar sobre os sinais de alerta de complicações como febre persistente, queda do estado geral, taquicardia ou sinais respiratórios, como dor no peito, fadiga e dispneia (falta de ar).
“Os mesmos sintomas [dos outros doentes] são observados nas grávidas. Segundo informe do Ministério da Saúde, o espectro clínico da infecção por coronavírus é muito amplo, podendo variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa”, indica um guia publicado pela FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Em outro documento do Ministério da Saúde sobre o manejo destas gestantes com sintomas nas unidades básicas de saúde, a paciente que apresentar quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave será encaminhada para internação. As que não tiverem, permanecerão em isolamento domiciliar com as devidas medicações.
Isolamento social
Em tempos mais calmos, uma gravidez costuma ser celebrada com festa e mimos. Chá de bebês, chá revelação e até o parto pode ser acompanhado pela família e amigos. Mas não é o que as grávidas de 2020 estão podendo fazer. Até mesmo contar com uma rede de apoio é complicado agora, já que muitos avós e familiares se enquadram no grupo de risco.
Plano de parto mantido
Diante do aumento dos casos, natural que o medo do parto – que já é motivo de preocupação de muitas mulheres – se intensifique. Afinal, o hospital virou um local temido por conta da possibilidade de infecção do Covid-19. Soma-se a este temor, as incertezas sobre a contaminação do bebê ao sair do útero da mãe, que pode estar infectada.
A OMS também aconselha que o parto cesariano só aconteça quando clinicamente justificado. As indicações são sempre que a via de parto seja individualizada, baseado nas preferências das gestantes combinadas às indicações obstétricas. Mesmo no caso das mães contaminadas, o procedimento não se altera muito. Estudos recentes tendem a acreditar que não exista transmissão via transplacentária do vírus. Nos casos de recém-nascidos que testaram positivo, o contágio teria acontecido fora do útero.
As aflições e dificuldades são muitas, já que o período é difícil, exige atenção e cuidados extras. Mas com perseverança, informação e seguindo as indicações dos médicos, dá pra enfrentar até o fim. A única certeza é que estes bebês que chegarão no meio do caos são um sopro de esperança de que vai passar.
Via: Bebê Abril