Já reparou como os modelos familiares mudaram nos últimos anos? Na verdade, a diversidade sempre existiu, mas hoje estamos aprendendo a lidar, entender e aceitar as diferenças para que nossos filhos cresçam acostumados a respeitar suas próprias famílias e as demais. Além da família dita “tradicional” – composta por pai, mãe e filhos, temos as monoparentais – quando apenas o pai ou a mãe exercem a função de criação dos filhos (caso das mães solteiras e viúvas), casais que se uniram depois de casamentos anteriores com filhos de outras relações, uniões homoafetivas, filhos adotivos, avós que criam os netos e por aí vai. “Houve mudanças na sociedade principalmente nas últimas décadas e as famílias foram se organizando”, explica Carla Poppa, Doutora em desenvolvimento e psicoterapia de crianças pela PUC-SP. A especialista participou de um bate-papo descontraído comigo na nossa Corrente do Amor Brandili, no Facebook. O tema? Configurações familiares. Confira aqui os melhores trechos da nossa conversa.
Pais separados, filhos bem resolvidos
Muitos casamentos acabam e os pais ficam perdidos sobre como agir perante os filhos. Acredite, criança percebe que alguma coisa está diferente. É importante que os pais estejam atentos e conversem com os filhos só quando a separação se consumar e estabeleçam como será a nova rotina. Dá a sensação de segurança, os filhos saberem que apesar de os pais não viverem mais juntos, todo o resto permanecerá igual, especialmente o amor por eles. Jamais fale mal do seu ex para o seu filho. “Os pais devem parar com essa relação disfuncional, não só para ter um convívio respeitoso, mas também pelo bem estar dos filhos”.
Apoio na escola
Comunique aos professores e coordenadores da escola sobre qualquer mudança na estruturação da família. Eles podem ser mais um suporte que seu filho precisará e todo apoio é sempre muito bem-vindo, inclusive para evitar que a criança tenha queda no rendimento escolar.
Tristeza sim, depressão não
É normal a criança ficar triste logo após a separação dos pais. Entretanto, se ela começar a ter medos repentinos, pesadelos, menos energia para brincar e comer, ou até mesmo passar a gritar, dialogue com ela, demonstre carinho e dê atenção. Também vale a pena buscar ajuda profissional. “Não tem situação difícil, tem situações em que a gente se sente sozinho”, orienta a psicóloga.
Novo relacionamento?
Se separou e vai recomeçar sua vida com outra pessoa? Vá com calma na hora de apresentar ao seu filho. Será que a criança está pronta? “Se você achar que não, espere um pouco mais, ou ela não será receptiva. Às vezes, o relacionamento entre o casal já vinha desgastado, mas a criança não sabia. Você pode até apresentar a nova pessoa como seu namorado (a), mas faça isso em um território neutro e não traga de cara para a sua casa. Respeite o ritmo e o sentimento da criança”, diz a terapeuta.
Vida nova, casa nova
Os pais se separaram e se uniram a outras pessoas que também tem filhos? Aos padrastos e madrastas, a dica é criar um espaço em suas casas para que os enteados se sintam bem-vindos, como uma cama só para aquela criança, um jogo de cama especial, brinquedos de que ela gosta. Não se deve jamais forçar uma relação entre crianças de uniões diferentes. Às vezes, elas não se identificam, isso pode acontecer e é normal. Aceite e respeite as diferenças.
Sem tabus
A sociedade está mudando e precisamos mudar junto, com vínculo e afeto. “Muitas vezes, o adulto fica cheio de dedos para falar com a criança sobre uma família que tem a configuração diferente da sua. O caminho é sempre a verdade. Se a criança percebe uma diferença e questiona, tem que falar a verdade”, diz Carla.
Filhos adotivos
Ao adotar um filho, os pais querem fazer mil coisas para que o novo membro da família se sinta acolhido e amado. Com um bebê pode ser mais tranquilo justamente por ainda ser muito pequeno e não ter noção da mudança em sua vida. No caso das crianças que já possuem um entendimento maior, pode acontecer de ela ter uma maneira mais agressiva de se relacionar com a nova família no começo. A dica é paciência, muito amor e carinho e ter o cuidado de não retalhar. Dê à criança o tempo necessário que ela precisa para se relacionar com a nova família.
Lembre-se que não existe um modelo ideal de família, nem um jeito mais adequado de se educar. O mais importante é não acharmos que o nosso jeito de educar os filhos é único e melhor que o de outras pessoas. E não se esqueça: o amor e o respeito são nossos maiores aliados tanto para aceitar as diferenças, quanto para convivermos melhor com nossos pais e filhos.
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